Caprichoso revela tema para o 59º Festival de Parintins: "Brinquedo que Canta seu Chão"

“Um brinquedo tecido de sonhos e fé, que renasce das mãos do povo para cantar o chão sagrado da Amazônia com arte, esperança e resistência.”

Roberto Sena

10/19/20253 min ler

O Boi-Bumbá Caprichoso revelou, na madrugada de domingo, 19 de outubro, o tema para o 59º Festival de Parintins 2026: “Brinquedo Que Canta Seu Chão”. O anúncio foi feito em meio à grandiosa celebração dos 112 anos do Bumbá, realizada no Curral Zeca Xibelão, que ficou completamente lotado pela nação azul e branca. Em um clima de emoção e expectativa, o Caprichoso apresentou ao público o conceito que vai conduzir sua jornada artística e cultural no próximo festival.

Confira a sinopse do tema 2026

CAPRICHOSO: BRINQUEDO QUE CANTA SEU CHÃO
O Boi Caprichoso foi um sonho plantado na intimidade de fé de uma família que largou sua casa na busca por dias melhores. Migrantes, irmãos, sonhadores, que, embevecidos pelo dom da gratidão, construíram seu brinquedo de pano para pagar a promessa a um santo menino. Agora, o sonho dos Cid já não é guardado na intimidade afetuosa da bagagem da esperança; ele tornou-se coletivo e é comungado por uma comunidade amazônica inteira. A poeira do chão, que se misturava às fagulhas da fogueira e espiralava o perfume da lenha queimada, recendeu outros sentidos e, carregada nos braços do vento, levou a brincadeira de boi ao colo das tantas famílias que conduziram esse terno brinquedo para além das fronteiras da ilha. O brinquedo, feito de amor e pano, tornou-se talismã popular que atrai multidões por sua força e arte daqueles que brincam e amam. É arquétipo de sonhos e lutas, é amuleto de revolução de quem fez do brincar a guerra contra tudo aquilo que freia a evolução de um povo; é uma entidade viva onde habitam os desejos, anseios e aspirações de uma gente que resiste contra tudo para sobreviver em uma Amazônia esquecida e disputada por aqueles que tentam destruí-la por poder. É no desejo de dias melhores que aquela velha armação de cipó e sarrapilha, de olhos tirados dos fundos de garrafas de vidro e coberta pelo couro preto de veludo, que Parintins e seu criativo povo redefiniu seus próprios sentidos, conectando mulheres, homens, crianças e idosos das muitas gerações, bichos, árvores e rios, para tornar-se afago, amparo, remédio, cura, reavivamento, sublimação, ponte, caminho, esperança e tantos outros adjetivos que reverenciam a diversidade e polissemia num único ser, que pertence ao povo e canta seu chão sagrado ao mundo todo. Afinal, o brinquedo Caprichoso também é canto, arte que ecoa da boca do povo na inteligência, na inventividade, numa alquimia sentimental que faz ecoar as barreiras e ultrapassar a razão, numa catarse apaixonada onde o corpo se entrega para recender a chama viva da paixão. É arte que manipula os sentidos, dando vida ao sonho num canto liberto, gerador de emoção, que faz os olhos transbordarem com o brilho das estrelas em noite junina. É o chão, organismo vivo, nosso corpo e espírito, que, debaixo de nossos descalços pés, guarda os segredos antigos do mundo e do futuro, nossa terra-floresta, território vivo que, na contramão do tempo, é diariamente atacado pelo falho sistema econômico em que vivemos. Chão da vida, berço sagrado e colo materno de nossa existência. Esse é o Caprichoso 2026: um brinquedo tecido de sonhos, arma contra o medo, instrumento revolucionário do amor e da arte.
Conselho de Artes do Boi Caprichoso

FICHA TÉCNICA DE PRODUÇÃO DO VÍDEO TEMA - CAPRICHOSO 2026

Produção: Conselho de Artes do Boi Caprichoso

Roteiro: Ericky NakanomeDireção: Ericky Nakanome, Lucas Paulino e Kamila Paulino

Cinegrafistas: Lucas Paulino e Augusto César

Direção de Fotografia: Lucas Paulino

Edição: Kamila PaulinoDrone: Yuri Pinheiro e Lucas Paulino

Assistente: Yan Azevedo, Ellian Rugmam e Alex cativo

Narração: Arlindo Neto

Equipe de Produção: Osmar Andrade, Willian Muniz, Bena Mafra, Josias Comadre, Paulo Victor Costa, Peta Cid, Saymon Martins, Kamila Reis, Larissa Andrade, Neandro Marques, Vinícius Ramos, Bruna Karla, Raphael Iannuzzi e Michel Amazonas

Atores/Atrizes: — Convidados Marujada de Guerra: Felipe Sicsu, Silvinho, Chupeta, Rubinho, Debrasa, Baixota, Klaire, Robert, Luizinho, Saulo, Ramom, Dr. Roberto, Fazinho, David, Bacuri e Ywakup Convidados Raça Azul: Dionei Ferreira, Neide Viana, Ticianny Cid, Elivane Silva, Socorro Guimarães, Sergio Menezes, Neil de Souza, Cleiton Pimenta, Josué Prata, Fernando Gonçalves, Luiz Henrique Azevedo, Raquel Serrão, Jesuino Lima, Daniel Almeida e Simone Marques

Participação Especial: Djard Vieira Filho, João Cid, Maguila, Pablo Rossivan, Ira Maragua, Klaire, Josias Comadre e Josué Prata

Figurino: Arcenildo Tristeza, Maria Auxiliadora Ferreira, Mário Oliveira, Adriano Canto, Maria Georgina Santos, Claudio Tchoka e Equipe de Costura do Boi Caprichoso

Tripa do Boi Caprichoso: David Arawak

Locações:

Parananema – Casa do senhor Evaldo Leal

Chácara Paraíso do Yukatã, de Edwan Oliveira

Praça da Paróquia de Nossa Senhora do Carmo

Toadas:

Chamada do Boi – Silvio Camaleão

Escudeiros do Meu Boi – Chico da Silva e Silvio Camaleão

Feito de Pano e Espuma – Adriano Aguiar e Ronaldo Barbosa Junior